quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Historia 3o bimestre

A posse de Vargas
Um mês depois de desencadeado o movimento revolucionário, Getúlio Vargas tomou posse como presidente da República, no dia 3 de novembro de 1930. O programa de governo que então apresentou tinha duas promessas principais: extirpar os males dos governos passados e implantar um programa de desenvolvimento para o país. Logo em seguida, começou a nomear seus ministros.
Vargas e a centralização
Apesar das promessas de democracia no futuro, o modelo de poder escolhido pelo governo provisório, nomeado em outubro de 1930, lembrava bastante a proposta de ditadura positivista do início da República, adotada pelo castilhismo no Rio Grande do Sul – o estado natal dos principais líderes do movimento. As primeiras medidas de organização política foram todas no sentido de anular o federalismo caro aos liberais afastados pelo golpe. O Congresso foi fechado, e com ele as assembléias estaduais e câmaras municipais. Os governadores estaduais foram substituídos por interventores nomeados pelo governo federal.
Reação à crise de 29
As medidas de centralização política foram seguidas por outras destinadas a colocar também a economia sob controle do governo central. Em agosto de 1931, os estados foram proibidos de levantar empréstimos externos sem autorização federal. Ao mesmo tempo, organizaram-se instituições para intervir no setor agrícola de todo o país – e enfraquecer a base de poder federalista, a força autônoma dos fazendeiros locais. A criação de uma política trabalhista pelo governo revolucionário seguiu o mesmo padrão geral de ampliação do controle exercido pelo governo revolucionário.
Queima do café
A forte centralização ajudava o governo a enfrentar seu maior problema: a crise econômica mundial, cujos efeitos foram devastadores no Brasil. O preço do café caiu ao mesmo tempo que o mercado se retraía e a produção aumentava. O mesmo se deu com o açúcar, a borracha e o cacau. A queda dos preços significou a redução das receitas do governo. Por esse motivo, este foi obrigado a recorrer a medidas extremas: controle do câmbio, empréstimos especiais, moratória, queima dos estoques de café. Esta intervenção brutal do Estado ajudou a amainar os efeitos da crise, mas, ainda assim, não evitou uma grande onda de falências.
A revolução de 32
A maior oposição política ao governo revolucionário ocorreu em São Paulo. Já em 1931 foi lançado um movimento pedindo a convocação de eleições para uma Constituinte. Enquanto os interventores, em sua maioria vinculados ao tenentismo, consolidavam seu poder nos outros estados, o de São Paulo encontrava dificuldade para governar nos moldes revolucionários. Os protestos desembocaram na revolução de 1932. Isoladas, as tropas paulistas foram derrotadas em poucos meses. Mas a vitória não foi completa: em 1933, o governo federal convocou as eleições reivindicadas pelos paulistas.
Indústria supera a agricultura
Em meio às crises econômica e política, as medidas do governo começaram a surtir efeito. No campo, sobretudo no interior paulista, a cultura do algodão substituiu em parte a do café. A partir de 1933, a produção industrial voltou a crescer – e, pela primeira vez na história, seu valor ultrapassou o da agricultura, mais afetada pelo desastre de 1929. Essa mudança fez com que a política industrial se tornasse uma das principais preocupações do governo.
Vargas controla a cultura
O governo revolucionário soube se adaptar à nova realidade industrial, adotando novos métodos no lugar do tradicional controle da população através de eleições garantidas por currais eleitorais. Assim, em 1932, estendeu sua atuação à recém-surgida esfera das comunicações de massa. A propriedade de estações de rádio passou a depender do governo. A partir do controle sobre o rádio, parte da cultura popular caiu sob a vigilância governamental. Na mesma época, também o futebol incorporou-se à cultura popular.
Constituinte de 1934
Mesmo recorrendo a inovações para se manter no poder, Getúlio Vargas não podia dispensar os antigos meios à sua disposição. A Assembléia Constituinte, eleita em 1933 pelos métodos tradicionais, proporcionou uma ordenação legal ao país segundo o velho figurino liberal. Com a Constituição de 1934, Getúlio Vargas recebeu um mandato que duraria até 1938; depois haveriam eleições presidenciais. Mas o figurino não era adequado à época: no mundo inteiro, o liberalismo estava em crise. Fascismo ou comunismo eram as soluções opostas de uma época de crise e confrontos. No Brasil, ambas as tendências se manifestavam, com o surgimento do Partido Integralista e a tentativa de golpe comunista em 1935.
Estado Novo
O governo aproveitou ao máximo a incapacidade de reação política dos liberais da época. Usou o golpe comunista de 1935 para obter do Congresso a aprovação do estado de sítio, e iniciou um período de violenta repressão policial. Enquanto perseguia comunistas e namorava integralistas, manobrava para continuar no poder. A partir da divulgação de um falso plano de golpe preparado pelos comunistas, Vargas explorou o medo que estes despertavam e deu ele próprio um golpe de Estado. Em 1937 implantou o Estado Novo, fechando o Congresso e suspendendo as eleições, e passou a governar como ditador.
Ditadura Vargas
O esforço de centralização do poder iniciado em 1930 completou-se sete anos depois. Com a ditadura vieram a censura à imprensa, o culto à personalidade de Getúlio, o controle dos sindicatos operários, as prisões arbitrárias. Uma nova Constituição outorgada às pressas e modificada apenas pelo presidente era a única ordem legal vigente, na qual o governo podia muito e os cidadãos quase nada. E, como em toda a ditadura, oferecia-se um grande plano como lenitivo para as dores do momento: a industrialização rápida do país.
Migrantes nordestinos
Sob a ditadura, a participação da indústria na economia como um todo continuou a aumentar. Com ela crescia o fosso entre o Norte agrícola e o Sul industrializado. E como a crise de 1929 tivera como efeito secundário a quase paralisia da imigração estrangeira, surgiu um novo dado na vida do país: a mão-de-obra necessária para mover o parque industrial recém-criado passou a ser fornecida por migrações internas. Em busca de trabalho, os moradores do campo, sobretudo no Nordeste, passaram a se dirigir para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que se tornaram metrópoles industriais.
O Brasil na Segunda Guerra
Para acelerar a industrialização, Vargas não hesitou em jogar com as profundas divisões que dilaceravam a cena internacional. Fez acenos tanto para os alemães quanto para os americanos, a fim de obter vantagens comerciais com o apoio brasileiro no confronto que se armava. Quando, em 1939, este se transformou em guerra mundial, Vargas aliou-se aos Estados Unidos em troca de uma grande siderúrgica. Em 1942, tropas foram enviadas para combater na Europa, ao mesmo tempo em que se iniciavam as obras da siderúrgica de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
Queda de Getúlio
A entrada do Brasil na Segunda Guerra acabou reforçando a oposição interna ao Estado Novo. Afinal, argumentava-se, não fazia sentido o país entrar numa guerra em favor da democracia se não havia democracia. À medida que chegava ao fim o conflito, aumentavam as manifestações contra o regime, as quais cresceram ainda mais após a vitória aliada, em maio de 1945. O presidente tentou manobrar para se manter no poder, mas não teve êxito. Renunciou em outubro, após quinze anos no poder.
Eleição de Dutra
Mesmo fora do poder, Getúlio Vargas foi decisivo na estrutura do regime democrático estabelecido após sua renúncia: dois dos três principais partidos políticos que então surgiram foram criados por ele. E o vencedor nas eleições de 1945, Eurico Gaspar Dutra, chegou à presidência graças a eles, que também levaram à Assembléia Constituinte muitos de seus membros. A forte estrutura estatal continuou intacta. Tudo isto marcou a Constituição de 1946: embora liberal, manteve o legado centralizador do Estado Novo.
Período populista
A combinação de centralização econômica e política com o regime democrático deu origem ao populismo: industriais, sindicalistas, fazendeiros e muitos outros segmentos sociais reivindicavam do governo uma fatia do dinheiro ali concentrado que movia o país. A boa situação econômica no pós-guerra permitiu ao presidente Dutra atender parte dos pedidos, consolidando a nova estrutura de poder e fazendo avançar a urbanização e a industrialização.
Volta de Getúlio
A continuidade do modelo estado-novista, em que o Estado era o responsável pelo desenvolvimento, tornou possível a volta de seu criador à cena política. Assim, em 1950, Getúlio Vargas ganhou as eleições. De volta à presidência, ele lutou para reforçar ainda mais o papel do Estado na área econômica. Com apoio popular, criou empresas estatais e monopolistas, que atuavam todas na área de infra-estrutura: petróleo, eletricidade e siderurgia.
Morte de Getúlio
O avanço do Estado na economia provocou uma forte reação. Os opositores dos projetos estatais aliaram-se a militares. Graças a investigações feitas pelo Congresso, conseguiram acuar o presidente. Em 1954, um atentado ao líder oposicionista Carlos Lacerda permitiu a escalada contra Vargas. Um inquérito militar vinculou o atentado ao presidente, paralisando o governo. A oposição exigiu a renúncia do chefe da nação, que, sem apoio, preferiu o caminho do suicídio, explicado numa carta-testamento.
Eleição de Juscelino
A comoção pela morte trágica de Getúlio Vargas interrompeu os planos oposicionistas. Apesar das pressões contrárias, novas eleições foram realizadas em 1955 e vencidas pelo candidato do PSD, Juscelino Kubitschek. Para tomar posse, contudo, teve de enfrentar uma ameaça de golpe militar – e outras ainda para governar. Mas conseguiu implantar as empresas criadas por Vargas e ainda implementar um novo modelo de desenvolvimento sobre a base industrial estatal instalada.
Governo Juscelino
A ação do governo estava sintetizada num Plano de Metas em que se definiam as prioridades e os pontos de estrangulamento a serem superados, além de uma meta síntese, a nova capital. A prioridade econômica do governo era completar o processo de substituição de importações e produzir no Brasil não só automóveis, geladeiras e televisores como também máquinas e equipamentos.
Brasil bossa nova
O surto de grandes obras públicas promovido por Juscelino ajudou a criar uma nova imagem do Brasil: uma nação que caminhava a passos rápidos para a modernidade. Seu lema de governo era: “cinqüenta anos em cinco”. A expressão maior desse progresso acelerado era a nova capital. Uma onda de otimismo se espalhou por todo o país, e refletiu-se na música, na poesia e no comportamento. O longo processo de criação do país passou a ser visto como coisa do passado: agora os brasileiros pareciam ser capazes de se reinventar.
O breve governo Jânio
Todo o otimismo do governo Juscelino não foi suficiente para eleger seu sucessor. Pela primeira vez desde o suicídio de Getúlio, a UDN ganhava uma eleição presidencial, apoiando Jânio Quadros. Mas o novo presidente pouco pôde contra os problemas acumulados, renunciando depois de governar por apenas seis meses. Criou uma crise política, resolvida precariamente com a posse de João Goulart na presidência. Logo acirrou-se a divisão no país, com propostas opostas para resolver os problemas nacionais.
Golpe de 64
Os grupos ligados a João Goulart propunham reformas econômicas de longo prazo, as chamadas reformas de base. Embora a idéia fosse simpática, seus propositores não tinham nenhum projeto para financiá-las. Com isso aumentou o impasse, que se traduzia numa inflação cada vez mais elevada. Já os opositores do governo queriam sanear a economia, algo sem nenhum apelo popular. A saída foi seduzir os militares para sua proposta, com o argumento de que as reformas de base eram de inspiração comunista. Quando obtiveram apoio, passaram a explorar esse fantasma nas ruas e conseguiram insuflar os militares a agir. Em 1o de abril de 1964, estes derrubaram João Goulart da presidência.

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