sábado, 21 de junho de 2008

Guerra de Canudos

Antônio Vicente Mendes Maciel, homem de origem humilde, vagava pelo sertão, divulgando o Evangelho e espalhando mensagens de salvação da alma enquanto na terra, em contradição com a crença e a ideologia da Igreja Católica.Graças aos seus conselhos, ficou nacionalmente conhecido como Antônio Conselheiro, e tais conselhos e mensagens atraiam principalmente os mais pobres, que passaram a segui-lo pelo sertão nordestino.Ele pregava contra os grandes proprietários de terras, denunciava as injustiças e as violências, atacava a República, queimava comunicados e ordens oficiais do governo, criticava a cobrança de impostos e a conivência de sacerdotes da Igreja com as autoridades políticas. Conselheiro foi preso várias vezes enquanto vagava pelo sertão, por causa de suas crenças e atos, e por ser monarquista, em contraposição com o novo governo republicano que fora instaurado (ele acreditava na união entre o Estado e a religião, e era sebastianista). Mesmo assim, o seu número de seguidores não diminuiu. Antônio Maciel era considerado o messias de salvação na terra.

No ano de 1893, enquanto vagavam pelo sertão, o núcleo messiânico liderado por Conselheiro encontrou uma fazenda abandonada às margens do rio Vasa-Barris. Ali, com muito esforço, os sertanejos construíram uma cidade,a qual deram o nome de Belo-Monte, mas que ficou conhecida como Canudos (o nome foi dado em 1870 por causa das plantas de aproximadamente 1m de comprimento que eram colocadas nos cachimbos dos moradores).Ali, fundou-se uma comunidade onde Antônio Conselheiro colocaria em prática seus ensinamentos.

A população de Canudos plantava e possuía animais para subsistência, e a produção agropastoril e artesanal era de propriedade coletiva. O que era produzido era trocado em outras cidades por o que não tinham.

Canudos, que crescia depressa e atraia camponeses de toda a Bahia, fez com que a Igreja local perdesse fiéis e os latifundiários, mão-de-obra. Os sertanejos foram acusados de desejarem a volta da monarquia e sua rebeldia e subversão era uma ameaça, e por isso passaram a sofrer oposição de intelectuais, que os condenavam por meio de artigos, onde os chamavam de “fanáticos”, e foram alvo de uma campanha governamental violenta.

Em outubro de 1896, três anos após a fundação de Canudos, Antônio Conselheiro encomendou em Juazeiro um lote de madeira. O pedido não foi entregue, então Conselheiro foi buscar a mercadoria junto com alguns outros homens. O fato foi mal interpretado: espalhou-se o boato de que seus homens invadiram Juazeiro para punir os habitantes e saquear o comércio. A população, armada, exigiu a ação do governo. Por isso, o governo enviou quatro expedições para destruir o núcleo de Canudos.

A primeira expedição foi liderada pelo tenente Manuel Pires Ferreira foi surpreendido por Pajeú João Abade antes de chegarem ao povoado, e logo retornaram ao interior do Nordeste.

Na segunda expedição, liderada por Febrôncio de Brito, os sertanejos estavam preparados para se defender dos novos ataques, além do terreno de difícil acesso, que dificultou o acesso das tropas regulares e as fez fugir novamente.

Com a falência das três últimas expedições, o Ministro da Guerra Carlos Bittencourt encarregou-se do caso, pois percebera que Canudos era um foco de resistência muito poderoso. Assim, na quarta expedição, liderada por ele mesmo, levou consigo cinco mil homens armados, aproximadamente. Em 22 de setembro de 1897, Antônio Conselheiro foi assassinado. O arraial foi cercado um dia depois por uma tropa munida de canhões. Canudos resistiu fortemente ao tiroteio durante 12 dias, mas estava enfraquecido. Em cinco de outubro de 1897, morreram os últimos combatentes de Canudos: um velho, um garoto de dezesseis anos e dois homens adultos. As cinco mil e duzentas casas do povoado foram incendiadas pelo exército. Os remanescentes do vilarejo, muitos dos quais eram mulheres e crianças e que haviam se entregado às tropas, foram degolados.

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